TESTEMUNHO DE FÉ
Nome: Douglas Benkendorf
Idade: 84 anos
Anos de ministério: 16 anos
Família: Viúvo, tem 2
filhas, 1 filho, 6 netos, 1 bisneto.
Como
foi servir Deus como pastor na Igreja Evangélica de Confissão Luterana
durante estes anos?
Foi como um
prolongamento de minha vida como membro desta Igreja, à qual pertenço e sirvo
desde o Batismo – como leigo, desde os 13 anos de idade. Ainda no Ensino
Confirmatório (1943), durante a II Guerra Mundial – recebi do Pastor de minha Comunidade,
juntamente com outro confirmando a incumbência de anotar para correção toda
palavra que ele pronunciasse errado, pois os cultos eram em língua alemã e a
partir daquele momento deveriam ser somente em língua portuguesa. Fui sineiro
oficial dos cultos, atendente do altar, distribuidor de hinários. Cantei no coral
dos 13 aos 38 anos; participei da juventude, do grupo de teatro e fui o mais
novo membro do Presbitério aos 18 anos. Então quando fui convidado para
participar de um Curso Especial Intensivo para um melhor preparo, senti a
oportunidade de satisfazer um sonho que tive quando da abertura da Faculdade em
São Leopoldo. Procurei através de meu pai, me inscrever para a Faculdade, mas
como tudo era pago, meu pai recebeu a orientação de fazer com que eu
desistisse. Mesmo isso tudo acontecendo, participei ativamente da minha Comunidade
como pregador leigo: dirigia cultos e estudos bíblicos. Então em 1968, com 39 anos, casado e com três
filhos, abandonei minha profissão de tipografista e fui cursar Teologia para
ser pastor. Então servir como Pastor na IECLB foi como uma recompensa pela vida
de comunidade que eu vivia. Foi 16 anos de trabalho, cansativo, espiritualmente
pesado, estradas de barro, sem telefone, celular ou internet, mas foi um
trabalho, não: foi; um sacerdócio. Abençoado, nem sempre compreendido e
correspondido nas comunidades. Para mim e minha família, que sempre me
acompanhou, foi umperíodo de bênçãos, mesmo com todo o sofrimento de doença;
minha esposa conviveu com câncerde 1973 a 2010 quando faleceu.Lembro-me desta
época com saudades e gratidão.
Destaque
alguns acentos em seu ministério que foram inspirados no movimento da Reforma?
Quais os acentos que lhe foram mais marcantes em seu ministério?
A liberdade de
expressão e o saber-se chamado para um ministério que não é de nenhum outro senhor
a não ser do próprio Senhor Jesus Cristo. O que mais marcou em meu ministério é
que apesar de ser uma pessoa do povo, quando falava do púlpito, falava com
autoridade, sabedoria, com respeito e seriedade. Nunca sofri uma pane, nunca
estive sozinho, Deus sempre me acompanhou. O que também me marcou foià sede e a
seriedade com que o membro da comunidade procurava ouvir e na medida do
possível praticar a Palavra de Deus.
Destaque
alguns acentos do movimento da Reforma que contribuiu para o cristianismo.
Sacerdócio de
todos os crentes. Quem crê tem o direito de pregar; anunciar as boas novas da
salvação em Cristo Jesus. Viver pela graça e sobreviver pela fé. Ter a
oportunidade de ler e estudar a palavra de Deus surgida do fato de Martin
Lutero traduzir a Bíblia para uma linguagem popular.
Qual
a contribuição que o movimento da Reforma deu ao mundo?
A globalização
da doutrina de Deus. O povo teve acesso às promessas de Deus. Não mais em
seminários, conventos, restrita a uma certa elite que ditava ordens de cima pra
baixo. Mas para o mundo todo o anuncio da salvação e do perdão dos pecados,
única e exclusivamente através da fé em Jesus Cristo.
Qual
a contribuição que o movimento da Reforma dá a sociedade? Aqui em nossa
cidade/localidade?
A separação de
Estado e Igreja. São duas entidades, dois poderes muitas vezes antagônicos, mas
em nossa cidade é bem definida a contribuição que as Igrejas, não só as da
Reforma – proporcionam às famílias a elas agregadas e à sociedade em geral. O
grande empenho da Reforma está alicerçado na educação de qualidade para todos,
vida saudável e ética de comportamento. Indelevelmente, nota-se uma
concorrência silenciosa entre os programas educacionais desenvolvidos por elas,
mas sempre pautados pelo respeito e pela ética.
Como
a “graça e a fé” podem ser ensinados e vividos em nosso tempo? Pois vivemos em
um mundo onde tudo se compra e vende. Tudo tem preço e valor.
Graça e fé só
podem ser ensinadas através do exemplo – do modo de vida – do agir em família e
sociedade. Esta fase, que vivemos atualmente no mundo, onde tudo tem seu preço,
tem seu tempo contado. Nada disto suportará as “reformas” na sociedade que vem
vindo ao nosso encontro, seja através da Terceira Guerra Mundial ou outro
evento catastrófico, (que Deus nos livre disso!)se aproxima a passos largos. E
aí só restará de fato “viver da graça de Deus e da fé em Jesus Cristo”. O resto
já era.
Somos
uma Igreja confessional e com princípios luteranos. O que vês de bonito nas comunidades
(Igreja)?
O que vejo na
minha Igreja hoje é que ela saiu do seu casulo de igreja alemã, dedicada
somente aos seus descendentes – para enxergar a vastidão da obra que a esperava
desde os primórdios – missão – levar o Evangelho a todas as pessoas. O programa
“Vai e Vem” surgiu em tempo de uma nova “reforma” e vem colhendo bons
resultados onde está sendo aplicado com seriedade e programação.
O
que as comunidades podem fazer ainda melhor?
Olhar para os
lados. Não pensar só em si, importar-se, dedicar-se mais com seu semelhante,
não somente criticá-lo, mas ajuda-lo onde for preciso, mais amor “diaconia”.
Nós precisamos ser mais sociáveis, participar ativamente da vida pública e
porque não dizer da vida política, não partidária, mas política no bom sentido
da palavra – política – ação em favor do próximo; continuar sendo Igreja da
Reforma – “Iglesiasemperreformanda”.
A
presença da IECLB foi importante no Oeste do PR. Por quê?(motivos...)
O Oeste do
Paraná, grande parte dele, era invadido por estrangeiros grileiros, que aqui
vinham buscar nossas riquezas: madeira e erva mate. Com a vinda dos colonos,
que vieram se fixar no oeste, a Igreja Evangélica deu uma demonstração de
sabedoria, solidariedade, força, acompanhando de saída os seus membros que para
cá vieram. Junto com eles, firmaram pé e atendendo às suas necessidades criou
as Comunidades, mantendo este povo unido em torno de seus costumes, ideais,
sonhos e de sua fé. Junto às comunidades surgiram escolas e toda uma
infraestrutura necessária para levantar cidades. A IECLB esteve aqui desde o
começo, desbravando o “Eldorado”, a Terrada Promissão.
Uma
palavra para finalizar.
Para finalizar,
sinto o grande empenho das atuais comunidades em continuar na “Reforma”,
levando seus costumes e pregando a sua fé por onde quer que passem. Anunciando
o Evangelho da salvação. Há ainda muito a ser feito. Até aqui fizemos só o
começo da grande empreitada que Deus nos deu: Pregar o Evangelho a todas as
criaturas, fazer discípulos até os confins do mundo.
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