sábado, 2 de novembro de 2013

Entrevista com o Pastor Douglas Benkendorf - Testemunho de Fé - Informativo O Luther

TESTEMUNHO DE FÉ

Nome: Douglas Benkendorf
Idade: 84 anos
Anos de ministério: 16 anos
Família: Viúvo, tem 2 filhas, 1 filho, 6 netos, 1 bisneto.

Como foi servir Deus como pastor na Igreja Evangélica de Confissão Luterana durante estes anos?

Foi como um prolongamento de minha vida como membro desta Igreja, à qual pertenço e sirvo desde o Batismo – como leigo, desde os 13 anos de idade. Ainda no Ensino Confirmatório (1943), durante a II Guerra Mundial – recebi do Pastor de minha Comunidade, juntamente com outro confirmando a incumbência de anotar para correção toda palavra que ele pronunciasse errado, pois os cultos eram em língua alemã e a partir daquele momento deveriam ser somente em língua portuguesa. Fui sineiro oficial dos cultos, atendente do altar, distribuidor de hinários. Cantei no coral dos 13 aos 38 anos; participei da juventude, do grupo de teatro e fui o mais novo membro do Presbitério aos 18 anos. Então quando fui convidado para participar de um Curso Especial Intensivo para um melhor preparo, senti a oportunidade de satisfazer um sonho que tive quando da abertura da Faculdade em São Leopoldo. Procurei através de meu pai, me inscrever para a Faculdade, mas como tudo era pago, meu pai recebeu a orientação de fazer com que eu desistisse. Mesmo isso tudo acontecendo, participei ativamente da minha Comunidade como pregador leigo: dirigia cultos e estudos bíblicos.  Então em 1968, com 39 anos, casado e com três filhos, abandonei minha profissão de tipografista e fui cursar Teologia para ser pastor. Então servir como Pastor na IECLB foi como uma recompensa pela vida de comunidade que eu vivia. Foi 16 anos de trabalho, cansativo, espiritualmente pesado, estradas de barro, sem telefone, celular ou internet, mas foi um trabalho, não: foi; um sacerdócio. Abençoado, nem sempre compreendido e correspondido nas comunidades. Para mim e minha família, que sempre me acompanhou, foi umperíodo de bênçãos, mesmo com todo o sofrimento de doença; minha esposa conviveu com câncerde 1973 a 2010 quando faleceu.Lembro-me desta época com saudades e gratidão.

Destaque alguns acentos em seu ministério que foram inspirados no movimento da Reforma? Quais os acentos que lhe foram mais marcantes em seu ministério?

A liberdade de expressão e o saber-se chamado para um ministério que não é de nenhum outro senhor a não ser do próprio Senhor Jesus Cristo. O que mais marcou em meu ministério é que apesar de ser uma pessoa do povo, quando falava do púlpito, falava com autoridade, sabedoria, com respeito e seriedade. Nunca sofri uma pane, nunca estive sozinho, Deus sempre me acompanhou. O que também me marcou foià sede e a seriedade com que o membro da comunidade procurava ouvir e na medida do possível praticar a Palavra de Deus.

Destaque alguns acentos do movimento da Reforma que contribuiu para o cristianismo.

Sacerdócio de todos os crentes. Quem crê tem o direito de pregar; anunciar as boas novas da salvação em Cristo Jesus. Viver pela graça e sobreviver pela fé. Ter a oportunidade de ler e estudar a palavra de Deus surgida do fato de Martin Lutero traduzir a Bíblia para uma linguagem popular.

Qual a contribuição que o movimento da Reforma deu ao mundo?

A globalização da doutrina de Deus. O povo teve acesso às promessas de Deus. Não mais em seminários, conventos, restrita a uma certa elite que ditava ordens de cima pra baixo. Mas para o mundo todo o anuncio da salvação e do perdão dos pecados, única e exclusivamente através da fé em Jesus Cristo.

Qual a contribuição que o movimento da Reforma dá a sociedade? Aqui em nossa cidade/localidade?

A separação de Estado e Igreja. São duas entidades, dois poderes muitas vezes antagônicos, mas em nossa cidade é bem definida a contribuição que as Igrejas, não só as da Reforma – proporcionam às famílias a elas agregadas e à sociedade em geral. O grande empenho da Reforma está alicerçado na educação de qualidade para todos, vida saudável e ética de comportamento. Indelevelmente, nota-se uma concorrência silenciosa entre os programas educacionais desenvolvidos por elas, mas sempre pautados pelo respeito e pela ética.

Como a “graça e a fé” podem ser ensinados e vividos em nosso tempo? Pois vivemos em um mundo onde tudo se compra e vende. Tudo tem preço e valor.

Graça e fé só podem ser ensinadas através do exemplo – do modo de vida – do agir em família e sociedade. Esta fase, que vivemos atualmente no mundo, onde tudo tem seu preço, tem seu tempo contado. Nada disto suportará as “reformas” na sociedade que vem vindo ao nosso encontro, seja através da Terceira Guerra Mundial ou outro evento catastrófico, (que Deus nos livre disso!)se aproxima a passos largos. E aí só restará de fato “viver da graça de Deus e da fé em Jesus Cristo”. O resto já era.

Somos uma Igreja confessional e com princípios luteranos. O que vês de bonito nas comunidades (Igreja)?

O que vejo na minha Igreja hoje é que ela saiu do seu casulo de igreja alemã, dedicada somente aos seus descendentes – para enxergar a vastidão da obra que a esperava desde os primórdios – missão – levar o Evangelho a todas as pessoas. O programa “Vai e Vem” surgiu em tempo de uma nova “reforma” e vem colhendo bons resultados onde está sendo aplicado com seriedade e programação.

O que as comunidades podem fazer ainda melhor?

Olhar para os lados. Não pensar só em si, importar-se, dedicar-se mais com seu semelhante, não somente criticá-lo, mas ajuda-lo onde for preciso, mais amor “diaconia”. Nós precisamos ser mais sociáveis, participar ativamente da vida pública e porque não dizer da vida política, não partidária, mas política no bom sentido da palavra – política – ação em favor do próximo; continuar sendo Igreja da Reforma – “Iglesiasemperreformanda”. 

A presença da IECLB foi importante no Oeste do PR. Por quê?(motivos...)

O Oeste do Paraná, grande parte dele, era invadido por estrangeiros grileiros, que aqui vinham buscar nossas riquezas: madeira e erva mate. Com a vinda dos colonos, que vieram se fixar no oeste, a Igreja Evangélica deu uma demonstração de sabedoria, solidariedade, força, acompanhando de saída os seus membros que para cá vieram. Junto com eles, firmaram pé e atendendo às suas necessidades criou as Comunidades, mantendo este povo unido em torno de seus costumes, ideais, sonhos e de sua fé. Junto às comunidades surgiram escolas e toda uma infraestrutura necessária para levantar cidades. A IECLB esteve aqui desde o começo, desbravando o “Eldorado”, a Terrada Promissão.

Uma palavra para finalizar.


Para finalizar, sinto o grande empenho das atuais comunidades em continuar na “Reforma”, levando seus costumes e pregando a sua fé por onde quer que passem. Anunciando o Evangelho da salvação. Há ainda muito a ser feito. Até aqui fizemos só o começo da grande empreitada que Deus nos deu: Pregar o Evangelho a todas as criaturas, fazer discípulos até os confins do mundo.

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