sexta-feira, 22 de março de 2013

PÁSCOA E BATISMO

Pa. Sandra Helena Fanzlau e P. Vernei Hengen
Pastores da Paróquia de Marechal Cândido Rondon - Paraná

             Caro leitor e leitora, queremos convidar você a redescobrir, neste artigo, a dimensão que liga a Páscoa ao Batismo.

           Cristo vive! Ele ressuscitou. Eis a boa nova da Páscoa. Celebrar a Páscoa é celebrar o centro da fé cristã. Na Páscoa celebramos a vida e a ressurreição de Jesus Cristo. Consequentemente celebramos vida nova, vitória sobre a morte e esperança eterna. A Páscoa nos aponta o caminho para além desta vida. Ela responde a perguntas cruciais da nossa existência: porque vivemos e para quem vivemos.

            Ao celebrarmos a Páscoa, somos lembrados e lembradas do que Deus fez por nós em Jesus Cristo. Com a ressurreição de Cristo inaugura-se algo novo para toda pessoa que crê. “De fato, a mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura para os que estão se perdendo; mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus Todos os anos somos lembrados o que Deus fez por nós. Com a ressurreição de Cristo inaugura-se algo novo para toda pessoa que crê”. (1 Co 1.18.)

            Recebemos e vivemos está boa nova. Somos chamados e chamadas a testemunhar o poder de Deus que se mostra na fragilidade, na dor e no sofrimento. Somos convidados e convidadas a lembrar e vivenciar que pelo batismo somos unidos com Cristo na sua morte e na sua ressurreição. “Com certeza vocês sabem que, quando fomos batizados para ficarmos unidos com Cristo Jesus, fomos batizados para ficarmos unidos também com a sua morte. Assim, quando fomos batizados, fomos sepultados com ele por termos morrido junto com ele. E isso para que, assim como Cristo foi ressuscitado pelo poder glorioso do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova”. (Rm 6.3-4)

        O texto do apóstolo Paulo nos deixa claro que o batismo está intimamente ligado à morte e ressurreição de Cristo, ou seja, com a Páscoa.
           Na igreja primitiva, no início da caminhada das comunidades de fé, as pessoas se preparavam durante o tempo da quaresma para no domingo da Páscoa professar sua fé e serem batizados. O período de preparo era chamado de catecumenato. Este período tinha como objetivo instruir as pessoas para que conscientemente aderissem ao cristianismo e assim pudessem exercer fielmente o testemunho do Evangelho.

            A Páscoa como o dia do batismo lembrava a pessoa e a toda a comunidade que abraçar a fé é romper com a vida passada e inaugurar algo novo. É participar na morte e ressurreição de Cristo; é ressurgir abraçado e envolvido do amor, da graça e da fé em Cristo Jesus. Portanto, há similaridade e forte identificação entre estes dois temas teológicos, páscoa e batismo. Não podemos falar de batismo sem falar de Páscoa. Poderíamos dizer que estão envolvidos e ligados de tal maneira que não há como separá-los.

Páscoa e batismo remetem a: ressurreição; nova vida; libertação, perdão dos pecados; união com Cristo, fonte da vida. Viver a Páscoa é viver o batismo. Viver o batismo é viver a Páscoa. Viver o batismo e a páscoa resultam em, como dizia Lutero, afogar diariamente o velho ser humano em nós para viver em novidade de vida. É ouvir a Palavra e meditar sobre ela; ensinar e aprender o Evangelho e colocá-lo em prática diariamente. Pois somos novas criaturas, as coisas antigas já se passaram.

Desde o início do cristianismo, Páscoa é o dia de batizar e de reafirmação dos votos e das promessas batismais. Por um simples e valioso motivo: somos batizados no Cristo ressurreto.

Algumas palavras bíblicas nos desafiam a buscar uma aproximação da Páscoa e do batismo. Lembramos que no Evangelho de João 3.5, Nicodemos é desafiado por Jesus a “nascer de novo da água e do Espírito”. O apóstolo Paulo nos lembra em 1 Co 6.11  que “somos lavados do pecado e separado para Deus pelo batismo”.  O apóstolo Paulo nos lembra, no texto que serve de base para nossa reflexão, que “morrer e ressuscitar com Cristo” – é ser batizado. Veja Romanos 6.1-6.

A partir do batismo Deus faz surgir uma nova relação entre Ele e nós e nós e Ele. Esta nova relação é: incorporação em Cristo, acolhida da pessoa por Deus, a declaração de ela ser propriedade do Criador. O batismo é o sacramento da integração na obra redentora de Cristo; e, por isto da iniciação cristã, inaugurando uma vida como membro do corpo de Cristo.

Pelo batismo participamos na salvação de Jesus, mediante nossa união a sua morte e ressurreição. A união com sua morte marca o fim de nossa prisão ao pecado. Por isso, o batismo é libertação. Estamos livres para crer, servir, para agir, em nosso mundo. Livres, unidos a Cristo, vivermos conscientemente nossa responsabilidade na igreja e na sociedade onde estamos inseridos e inseridas. O batismo nos chama a vivermos uma vida baseada na Palavra de Deus que se traduz em atitudes concretas. "A fé leva a pessoa a Deus, o amor leva Deus às pessoas". E ele continua; "Pela fé se recebem benefícios de Deus, pelo amor se prestam benefícios às pessoas". Essa é a essência da vida cristã, segundo Lutero. A vida não deveria ser marcada por momentos flagrantes de fé e de amor, mas deveria ser toda ela um ato de fé e amor - pelo menos para os cristãos.

Fomos feitos por amor e para o amor. Neste mundo temos a oportunidade de amar, pois, em Cristo Jesus, fomos destinados para isso. Quando nos negamos a amar, negamos nossa origem e ignoramos que nosso próximo tem a mesma origem.

O nosso testemunho é viver a nova vida, que em Cristo recebemos pelo batismo, para que outros vejam e assim cheguem a fé. Isto é ser sal da terra e luz do mundo. No batismo fomos libertados do poder do pecado e “agraciados pela graça” e misericórdia de Deus para servir e viver em novidade de vida.

         A boa nova da Páscoa, que se traduz no batismo não nos deixa à deriva em meio aos perigos e tempestades da vida. Deus está conosco todos os dias. “Eu estou com vocês todos os dias, até o final dos tempos” Mt 28.20. Ele vem a nós em sua Palavra que fortalece a fé daqueles e daquelas que a ouve m e a praticam.

O batismo nos leva da escravidão e do pecado à justiça. Ele nos muda de senhorio. Não mais pertencemos ao pecado e ao mundo, a partir dele somos de Cristo. Você crê nisso? Que desde o batismo você é de Cristo?

Pela fé somos salvos. A Páscoa e o batismo nos apontam e nos fazem navegar neste caminho. Portanto, salvação é ao mesmo tempo um fenômeno futuro e passado; mas ela afeta a vida no presente. Cristo nos salva por sua morte e ressurreição, Cristo nos salvará quando vier em glória. É isso que vivemos a partir do batismo. A certeza da salvação em Cristo. SOMOS DELE, SOMOS DE CRISTO.

Páscoa, dia em que festejamos a vitória da vida sobre a morte. O batismo  traz a Páscoa para dentro de nossas vidas. Pelo batismo Deus invade e toma posse de nós; toma parte em nosso viver. Pelo batismo já podemos experimentar um pouco da doçura da festa da ressurreição.

Posso me perguntar: Sou batizado, e daí? O que muda na minha vida? Com certeza, muda muito. Desde o batismo Deus é o Senhor de minha vida. Somente a Ele sigo, somente nele creio. Portanto, o batismo nos lembra da presença de Deus em nossa vida. Desde o dia do meu batizado, sou Dele. Martin Lutero sofria muito com as tentações. Ele tinha uma afirmação muito simples que repetia: "Sou batizado". O batismo é uma espécie de senha que nos remete ao próprio Cristo, que viveu, sofreu, morreu e ressuscitou por nós. Somos batizados, e assim inseridos no corpo de Cristo.

            Que a Páscoa e Batismo possam ser celebrados, vividos e desfrutados como um dom maravilhoso de Deus. Amém.



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