Pastores da Paróquia de Marechal Cândido Rondon - Paraná
Caro leitor e leitora, queremos convidar você a redescobrir, neste
artigo, a dimensão que liga a Páscoa ao Batismo.
Cristo vive! Ele ressuscitou. Eis a boa nova da
Páscoa. Celebrar a Páscoa é celebrar o centro da fé cristã. Na Páscoa
celebramos a vida e a ressurreição de Jesus Cristo. Consequentemente celebramos
vida nova, vitória sobre a morte e esperança eterna. A Páscoa nos aponta o
caminho para além desta vida. Ela responde a perguntas cruciais da nossa
existência: porque vivemos e para quem vivemos.
Ao
celebrarmos a Páscoa, somos lembrados e lembradas do que Deus fez por nós em
Jesus Cristo. Com a ressurreição de Cristo inaugura-se algo novo para toda
pessoa que crê. “De fato, a mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura para os
que estão se perdendo; mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de
Deus Todos os anos somos lembrados o que Deus fez
por nós. Com a ressurreição de Cristo inaugura-se algo novo para toda pessoa
que crê”. (1 Co 1.18.)
Recebemos e vivemos está boa nova.
Somos chamados e chamadas a testemunhar o poder de Deus que se mostra na
fragilidade, na dor e no sofrimento. Somos convidados e convidadas a lembrar e
vivenciar que pelo batismo somos unidos com Cristo na sua morte e na sua
ressurreição. “Com certeza vocês sabem que, quando fomos batizados para ficarmos
unidos com Cristo Jesus, fomos batizados para ficarmos unidos também com a sua
morte. Assim, quando fomos batizados, fomos sepultados com ele por termos
morrido junto com ele. E isso para que, assim como Cristo foi ressuscitado pelo
poder glorioso do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova”. (Rm 6.3-4)
O texto do apóstolo Paulo nos deixa claro que o
batismo está intimamente ligado à morte e ressurreição de Cristo, ou seja, com
a Páscoa.
Na
igreja primitiva, no início da caminhada das comunidades de fé, as pessoas se
preparavam durante o tempo da quaresma para no domingo da Páscoa professar sua
fé e serem batizados. O período de preparo era chamado de catecumenato. Este
período tinha como objetivo instruir as pessoas para que conscientemente
aderissem ao cristianismo e assim pudessem exercer fielmente o testemunho do
Evangelho.
A Páscoa como o dia do batismo lembrava a pessoa e a toda a comunidade que
abraçar a fé é romper com a vida passada e inaugurar algo novo. É participar na
morte e ressurreição de Cristo; é ressurgir abraçado e envolvido do amor, da
graça e da fé em Cristo Jesus. Portanto, há similaridade e forte identificação
entre estes dois temas teológicos, páscoa e batismo. Não podemos falar de
batismo sem falar de Páscoa. Poderíamos dizer que estão envolvidos e ligados de
tal maneira que não há como separá-los.
Páscoa e batismo
remetem a: ressurreição; nova vida; libertação, perdão dos pecados; união com
Cristo, fonte da vida. Viver a Páscoa é viver o batismo. Viver o batismo é
viver a Páscoa. Viver o batismo e a páscoa resultam em, como dizia Lutero,
afogar diariamente o velho ser humano em nós para viver em novidade de vida. É
ouvir a Palavra e meditar sobre ela; ensinar e aprender o Evangelho e colocá-lo
em prática diariamente. Pois somos novas criaturas, as coisas antigas já se
passaram.
Desde o início do
cristianismo, Páscoa é o dia de batizar e de reafirmação dos votos e das
promessas batismais. Por um simples e valioso motivo: somos batizados no Cristo
ressurreto.
Algumas palavras
bíblicas nos desafiam a buscar uma aproximação da Páscoa e do batismo.
Lembramos que no Evangelho de João 3.5, Nicodemos é desafiado por Jesus a
“nascer de novo da água e do Espírito”. O apóstolo Paulo nos lembra em 1 Co
6.11 que “somos lavados do pecado e
separado para Deus pelo batismo”. O
apóstolo Paulo nos lembra, no texto que serve de base para nossa reflexão, que
“morrer e ressuscitar com Cristo” – é ser batizado. Veja Romanos 6.1-6.
A partir do batismo Deus
faz surgir uma nova relação entre Ele e nós e nós e Ele. Esta nova relação é:
incorporação em Cristo, acolhida da pessoa por Deus, a declaração de ela ser
propriedade do Criador. O batismo é o sacramento da integração na obra
redentora de Cristo; e, por isto da iniciação cristã, inaugurando uma vida como
membro do corpo de Cristo.
Pelo batismo
participamos na salvação de Jesus, mediante nossa união a sua morte e
ressurreição. A união com sua morte marca o fim de nossa prisão ao pecado. Por
isso, o batismo é libertação. Estamos livres para crer, servir, para agir, em
nosso mundo. Livres, unidos a Cristo, vivermos conscientemente nossa
responsabilidade na igreja e na sociedade onde estamos inseridos e inseridas. O
batismo nos chama a vivermos uma vida baseada na Palavra de Deus que se traduz
em atitudes concretas. "A
fé leva a pessoa a Deus, o amor leva Deus às pessoas".
E ele continua; "Pela fé se recebem benefícios de
Deus, pelo amor se prestam benefícios às pessoas".
Essa é a essência da vida cristã, segundo Lutero. A vida não deveria ser
marcada por momentos flagrantes de fé e de amor, mas deveria ser toda ela um
ato de fé e amor - pelo menos para os cristãos.
Fomos feitos por amor e para o
amor. Neste mundo temos a oportunidade de amar, pois, em Cristo Jesus, fomos
destinados para isso. Quando nos negamos a amar, negamos nossa origem e
ignoramos que nosso próximo tem a mesma origem.
O nosso testemunho é
viver a nova vida, que em Cristo recebemos pelo batismo, para que outros vejam
e assim cheguem a fé. Isto é ser sal da terra e luz do mundo. No batismo fomos
libertados do poder do pecado e “agraciados pela graça” e misericórdia de Deus
para servir e viver em novidade de vida.
A boa nova da Páscoa, que se traduz
no batismo não nos deixa à deriva em meio aos perigos e tempestades da vida.
Deus está conosco todos os dias. “Eu
estou com vocês todos os dias, até o final dos tempos” Mt 28.20. Ele vem a
nós em sua Palavra que fortalece a fé daqueles e daquelas que a ouve m e a
praticam.
O batismo nos leva da
escravidão e do pecado à justiça. Ele nos muda de senhorio. Não mais
pertencemos ao pecado e ao mundo, a partir dele somos de Cristo. Você crê
nisso? Que desde o batismo você é de Cristo?
Pela fé somos salvos.
A Páscoa e o batismo nos apontam e nos fazem navegar neste caminho. Portanto,
salvação é ao mesmo tempo um fenômeno futuro e passado; mas ela afeta a vida no
presente. Cristo nos salva por sua morte e ressurreição, Cristo nos salvará
quando vier em glória. É isso que vivemos a partir do batismo. A certeza da
salvação em Cristo. SOMOS DELE, SOMOS DE CRISTO.
Páscoa, dia em que
festejamos a vitória da vida sobre a morte. O batismo traz a Páscoa para dentro de nossas vidas.
Pelo batismo Deus invade e toma posse de nós; toma parte em nosso viver. Pelo
batismo já podemos experimentar um pouco da doçura da festa da ressurreição.
Posso me
perguntar: Sou batizado, e daí? O que muda na minha vida? Com certeza, muda
muito. Desde o batismo Deus é o Senhor de minha vida. Somente a Ele sigo,
somente nele creio. Portanto, o batismo nos lembra da presença de Deus em nossa
vida. Desde o dia do meu batizado, sou Dele. Martin Lutero sofria muito com as tentações.
Ele tinha uma afirmação muito simples que repetia: "Sou batizado". O batismo é uma espécie de senha que nos remete
ao próprio Cristo, que viveu, sofreu, morreu e ressuscitou por nós. Somos
batizados, e assim inseridos no corpo de Cristo.
Que
a Páscoa e Batismo possam ser celebrados, vividos e desfrutados como um dom
maravilhoso de Deus. Amém.
Nenhum comentário :
Postar um comentário