sábado, 4 de maio de 2013

O Espírito Santo nos convida ao protagonismo


PALAVRA
Joel Haroldo Baade
Teólogo

Uma força transformadora

O conceito “protagonismo” remonta ao teatro. A pessoa protagonista é a figura central da peça teatral, em torno da qual gira toda a trama. Por extensão do sentido desse termo, a pessoa que exerce o protagonismo tem papel de destaque na sociedade em que está inserida. Dessa forma, a vivência do protagonismo se opõe a uma postura de passividade. No teatro, essa postura cabe às pessoas figurantes ou, no máximo, às pessoas coadjuvantes, que ocupam papel secundário na história.
Contudo, na sociedade atual, organizada em torno do consumo e fortemente marcada por uma mentalidade individualista, prioriza-se um protagonismo deturpado. Nesse caso, a pessoa protagonista passou a ser vista muito mais como alguém que alcança êxito econômico e sucesso profissional, ignorando quase completamente os anseios coletivos, inclusive os da própria família. Para muitas pessoas, isto pode se tornar um fardo bastante pesado de carregar, pois toda a responsabilidade pelo sucesso recai sobre a própria pessoa. Entre as pessoas jovens, esta pressão é sentida especialmente na formação acadêmica e no exercício de sua vocação no mercado de trabalho. Então, elas acabam tendo toda a sua energia canalizada para dentro da lógica capitalista e consumista.
Como pessoas cristãs, pensamos em outro tipo de protagonismo. Como revela a própria origem do conceito, a pessoa protagonista, mesmo exercendo papel central na trama, não vive isolada, mas justamente numa rede de relacionamentos. Isso acontece especialmente com as pessoas jovens, que têm uma força transformadora gigantesca, pois a inquietação e o anseio por mudança fazem parte da sua essência (GALLO, 2007). Nesse sentido, o protagonismo juvenil tem grande potencial de transformação social.


O protagonismo como essência do cristianismo
Do ponto de vista bíblico e confessional, sugere-se a abordagem do protagonismo sob o viés da liberdade cristã e, ao mesmo tempo, do serviço em amor (Rm 13.8 e 1Co 9.19). Nessa perspectiva, todas as pessoas são convidadas ao protagonismo, que não é muito diferente do que colocar-se a serviço da próxima e do próximo. Pelo batismo e através do Espírito Santo de Deus, todas as pessoas são chamadas a ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16).
A vivência deste protagonismo não exige ações extraordinárias, mas ocorre de modo muito eficaz no dia a dia, através das pequenas e persistentes ações que servem de testemunho concreto da nova vida trazida por Cristo. Podemos ver, a partir disso, que o tema do protagonismo cristão está estreitamente relacionado com o tema do ano da IECLB. Em primeiro lugar, somos convidados e convidadas a “ser” autenticamente cristãos e cristãs, e não apenas imitar aquilo que é ditado como moda. Em segundo lugar, a existência cristã nos impele à participação, a deixarmos a nossa marca por onde quer que passemos. E esta ação cristã é também testemunho num mundo carente da graça de Deus.
Por fim, perguntamos como a pessoa jovem assumirá o seu papel de protagonista na trama da vida. Não há aqui uma receita mágica, mas entendemos que o protagonismo somente é possível com base em uma convicção pessoal. Ou seja, o protagonismo fará parte da vivência juvenil na medida em que cada jovem descobrir que é importante e capaz de contribuir para as mudanças que deseja no mundo. Por isso, nosso papel é tentar aproximar a mensagem do Evangelho da vida das pessoas jovens para que elas encontrem espaço para expressar os seus anseios, inquietações e medos, bem como suas esperanças e alegrias.
Passando a palavra
Todas as pessoas são chamadas por Deus, através do seu Espírito Santo, a serem protagonistas, ou seja, terem papel de destaque na igreja e na sociedade. Esta ação é fruto do amor cristão. O protagonismo cristão não é ação extraordinária, mas vivência concreta da liberdade cristã através das pequenas ações do dia a dia.

Fonte: PALAVR@ÇÃO on-line 2

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