Dias das mães: moeda perdida ou tesouro precioso?
Neste
fim de semana lembramos o dia das mães. Dia de comemoração. Almoço em
família. Dia de presente. Dia de festa.
Confesso que o dia me incomoda um pouco. Tudo parece perfeito. Presente,
flores, abraços, palavras, gestos.... Mas, e depois? Depois tudo volta ao
“normal”.
Não podemos lembrar/comemorar o dia das
mães sem falar da luta das mães-mulheres pela vida. Mães-mulheres que carregam no rosto a marca
do tempo – do tempo dedicado aos filhos, a casa, ao trabalho. Trabalho este que
muitas vezes não é reconhecido. A dupla ou tripla jornada, que nada tem de belo
e satisfatório.
A Rainha do lar, infelizmente algumas
mães foram reduzidas a esta condição. Adjetivo infeliz. A rainha que habita seu
castelo: a casa... Ali sim poderiam governar...ali podia decidir o que fazer para o almoço ou
quando lavar a roupa. Essa semana li um
jogral infantil que dizia que “todas as mães são consideradas rainhas, porque
elas sofrem por seus filhos.” Isto sim poderia ser uma boa definição da rainha
que temos dentro da nossa casa. Alguém que carrega consigo o carinho, o aconchego,
a dedicação, o amor, mas também o sofrimento, e as vezes, a frustração.
No Evangelho de Lucas 15.8-10 lemos que uma mulher tinha dez moedas de prata, ela
perde uma. Ela então acende a lamparina, varre a casa e procura com muito
cuidado para acha-la. E quando a encontra chama as amigas para compartilhar a
alegria de ter encontrado a moeda perdida.
Neste texto, que conhecemos como a
parábola da moeda perdida, o importante é o gesto de quem procura, ou seja, o
gesto da mulher que procura, encontra depois de muito trabalho e se alegra com
isso.
Quem eu no texto? Sou aquele/a que
perdeu algo? O que se perdeu em minha vida? Quem se perdeu de mim? Que esperanças
e sonhos se perderam? Sou a moeda perdida? Como me sinto como moeda perdida?
Abandonada e só? Esquecido/a? Sou aquele/a que procura? O que eu procuro? Sou
aquele/a que encontra? Que alegrias experimento ao reencontrar o que se perdeu
de mim? Que alegrias experimento ao ver que meu esforço em procurar valeu a
pena?
Pensando no dia das mães eu diria que
essa mulher que procura com grande cuidado e agilidade é nossa mãe. Tenho
certeza que muitas de vocês, mães se viram no papel desta mulher. A mulher da
qual nos fala o texto não é uma mulher de grandes posses. O que ela perdeu é de
pouco valor, mas mesmo assim ela procura com agilidade, acende a luz, talvez
porque a casa seja sem janelas. Também não dever ser um chão muito liso, pois,
neste caso seria fácil encontrar a moeda.
Dez moedas representam um valor pequeno.
Perdeu-se uma de dez moedas; é muito pouco, mas é um décimos de tudo o que ela
possui. O empenho em procurar a moeda está ligado ao ter muito pouco.
Na busca desta mulher por algo de pouco
valor, mas de muito valor para ela, percebemos a luta das mulheres mães, que
lutam por algo que as vezes é pouco para
nós, mas muito para elas.
A busca incessante de mulheres mães pelo sustento e o bem estar de seus filhos, de
sua casa de sua família.
Talvez algumas mães também se sintam a moeda perdida. Esquecida em
algum canto! Quantas mulheres-mães se sentem abandonadas, perdidas com o `prazo
de validade vencido’, pois dedicaram todo seu tempo cuidando dos filhos, e depois os filhos saem de casa e estas
mulheres-mães parecem que perdem o
objetivo na vida. Elas tinham como objetivo a vida dos filhos. Muitas são as
mulheres-mães que viveram e vivem em função dos filhos, da casa, do trabalho. E
nós filhos e filhas, maridos, companheiros, como correspondemos a toda essa
dedicação? Amar a nossa mãe, abraçá-la, ajudá-la deveria acontecer todos os
dias, e não só no fim de semana do dia das mães. O dia das mães deveria servir para fazermos
uma revisão das nossas atitudes, como é o nosso relacionamento, o que podemos
mudar. Como agimos em nossa família?
Para
ajudar na nossa reflexão gostaria de lhes contar uma pequena história: a
história do poço
“Três mulheres foram buscar água no
poço. Perto dali estava sentado um homem velho. Ele ouvia as mulheres louvando
seus filhos. – Meu filho – disse a
primeira – é tão ágil que deixa todos para traz. – Meu filho – disse a
segunda – canta tão bem como o rouxinol! Não há quem tenha a voz tão boa como a
dele. E por que não louvas teu filho? – Perguntaram à terceira, que ficava
calada. – Ele não tem nada que eu pudesse louvar – respondeu ela. – Meu filho é apenas um menino comum, e não
tem nada de especial....
As
mulheres encheram seus baldes e foram para casa. Mas o velho homem segui-as de
perto. Os baldes eram pesados para os braços já cansados de trabalhar. Por isso
as mulheres pararam para descansar e aliviar a dor das costas. Nisso vieram
três rapazes ao seu encontro. O primeiro apoiou as mãos no chão e fez uma série
de cambalhotas. As mulheres exclamaram: - Que menino ágil e esportivo!
O
segundo cantou tão lindo como o rouxinol, e as mulheres ficaram escutando
comovidas, com lágrimas nos olhos.
O
terceiro rapaz correu para junto da mãe, levantou os seus baldes e carregou
para casa. Então as mulheres perguntaram ao homem velho: - Que achas de nossos
filhos? - Onde estão seus filhos? –
Perguntou o ancião admirado. – Vejo só
um filho.”
Ser filho, filha de
verdade, não só de aparências. É isto que nos disto esta pequena história. Esta
pequena história quer nos ajudar na missão de filhos e filhas de verdade e de
fato, através de pequenos gestos de amor.
Dia das mães é todo dia. Pois todo o dia
é dia de externar carinho e recomeçar a vida. Não deixe para em fazê-lo tarde
demais. Vá ao encontro de sua mãe. Se
você tem esta oportunidade não a perca. Reconheça que esta mulher que cuida,
que ama, que trabalha, não é uma moeda perdida e sem valor, mas é presente
valioso de Deus.
Para as mães: o final do texto do
Evangelho, nos fala da grande alegria da mulher ao encontrar a moedinha. A
mulher compartilha sua alegria com amigas e vizinhas. A experiência dessa
mulher que compartilha sua alegria é um convite, um chamado para nos também
partilharmos nossas alegrias, nossa vida com nossas amigas. Se você ainda não
participa, venha partilhar sua vida, suas alegrias e também suas tristezas nos
encontros de que a sua comunidade oferece.
Mães vocês são um tesouro, um presente
que Deus colocou em nossa vida.
Que a paz de Deus esteja com todos
vocês. Amém.
Pa. Sandra
Helena Fanzlau
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